domingo, 27 de maio de 2007


SANCHO, J. M.; HERNANDEZ, F. et al. (Org). Tecnologias
para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006.
Glaucia da Silva Brito*

Como em outras épocas, neste momento, há uma expectativa grande
de que as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC – nos trarão
soluções rápidas para a melhoria da qualidade na educação. Porém, se a
educação dependesse somente de tecnologias, já teríamos achado as soluções
para essa melhoria há muito tempo. Acreditamos que a escola, em
relação às TIC, precisa estar inserida num projeto de reflexão e ação, utilizando-
as de forma significativa, tendo uma visão aberta do mundo contemporâneo,
bem como realizando um trabalho de incentivo às mais diversas
experiências, pois as diversidades de situações pedagógicas permitem a
reelaboração e a reconstrução do processo ensino-aprendizagem.
A comunidade escolar se depara com três caminhos: repelir as
tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar
a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos,
desenvolvendo habilidades que permitam o controle das tecnologias e
de seus efeitos.
Consideramos a terceira opção como a que melhor viabiliza uma formação
intelectual, emocional e corporal do cidadão, que lhe permita criar,
planejar e interferir na sociedade. Pensamos na importância de um trabalho
pedagógico em que o professor reflita sobre sua ação escolar e efetivamente
elabore e operacionalize projetos educacionais com a inserção das
tecnologias da informação e da comunicação – TIC – no processo educacional,
buscando integrá-las à ação pedagógica na comunidade intra e extra-
escolar e explicitá-las claramente nas propostas educativas da escola.
Corroborando com nosso posicionamento, Juana Sancho e Fernando
Hernández propõem neste livro um repensar sobre as tecnologias de informação
e comunicação (TIC) na educação. O conjunto de artigos organizados neste livro surgiu a partir da proposta de um curso de verão realizado
na Universidade Internacional da Andaluzia, Espanha, e tinha como objetivos:
(a) analisar as configurações da escola atual que dificultam a integração
educativa das tecnologias de informação e comunicação; (b) explorar possíveis
cenários da escola do amanhã, assim como suas conseqüências para
os professores, os equipamentos, a organização e a formação dos docentes;
(c) analisar diferentes concepções do conhecimento representadas no
currículo e seu significado para a plena integração das TIC; (d) experimentar
e analisar diferentes ambientes digitais de ensino e aprendizagem que
favoreçam a inovação docente e a inclusão dos alunos com necessidades
educativas especiais.
Quanto à escolha do título do livro – Tecnologias para transformar a
educação – os organizadores concluíram, após a leitura do conjunto dos
textos, que os autores colaboradores não falaram apenas em TIC, mas
falaram de “um conjunto de tecnologias – formas de fazer e intervir no
mundo da educação – conhecimentos e saberes fundamentais para olhar a
educação de outras maneiras”.
No capítulo 1, Juana María Sancho faz um resgate da sua história de
vida profissional e a interação com os computadores, fazendo um link com
as concepções atuais de ensino-aprendizagem, tendo como referência as
TIC. Ela reflete sobre a necessidade de os professores, diretores, assessores
pedagógicos, especialistas em educação revisarem sua forma de entender
como se ensina e como aprendem as crianças e jovens deste século,
pois isto é fundamental e primordial para que se possa planejar e colocar
em prática projetos educativos. A Autora traz dois questionamentos que se
fazem atuais e também aplicáveis à realidade brasileira em relação ao caráter
transformador das TIC: 1. Por que, apesar da existência de programas
específicos de introdução do computador nas aulas, na maioria dos países
sua presença costuma ser insuficiente? 2. O que precisaria mudar na política
educacional e nas escolas para que professores e alunos pudessem
beneficiar-se das contribuições destas tecnologias?
Descreve ainda as etapas de um projeto de pesquisa europeu e revisa
os axiomas para a prática de implantação das tecnologias de informação e
comunicação, propostos por McClintock (2000).
No capítulo 2, Fernando Hernandez já nos provoca com o título do
seu texto: Por que dizemos que somos a favor da Educação se optamos por
um caminho que deseduca e exclui? O autor resgata aqui as potencialidades
e a necessidade de uma visão integrada da educação escolar no contexto
atual, pois sem essa visão não poderemos aproveitar todo o potencial das
TIC na sala de aula. Destaca também que optar por uma visão integrada da
educação não é mera estratégia organizativa, pois sempre teremos o desafio
que significa a possibilidade de construir projetos de emancipação em
um mundo repleto de contradições. Incluo aqui projetos inovadores que
envolvam as TIC no ambiente educacional.
No capítulo 3, Juan de Pablos fundamenta a lógica disciplinar e nos
leva a uma reflexão sobre as diferentes perspectivas com que se tem abordado
o conceito de interdisciplinaridade, pois segundo o autor isto se deve
ao fato de sua conceitualização se fundamentar em finalidades diferentes,
identificar distintos objetos de estudo e recorrer a um sistema referencial e
a modalidade de aplicação também diferentes. Dentro das perspectivas
disciplinares e das TIC, o autor destaca que as possibilidades são evidentes,
mas que a formação pedagógica do professores em TIC deve ser considerado
como um dos fatores-chave para seu uso efetivo.
No capítulo 4, Anne Gilleran explora a teoria construtivista da aprendizagem
compartilhada ou comunitária. Apresenta-nos dois estudos realizados
com o apoio da Rede de Escolas Européias da Comissão Européia.
Um dos estudos traz os resultados sobre o uso das TIC nas escolas européias
chamado de eWatch; o outro estudo é sobre o uso de um ambiente
virtual de aprendizagem chamado Future Learning Environment 3 (FLE3).
Este ambiente foi criado para ajudar estudantes a desenvolver sua própria
base de conhecimento a partir de princípios construtivistas. Esta autora
nos traz dados atuais sobre o uso das TIC nos sentidos educativo e pedagógico
no contexto europeu.
No capítulo 5, Ángel San Martín nos instiga a refletir sobre como a
gestão e a organização das escolas têm contribuído para aumentar as dificuldades
de incorporação das TIC como ferramentas de ensino-aprendizagem.
Este autor considera que estamos no início de uma mudança profunda
das organizações escolares.
No capítulo 6, Carmen Alba se preocupa com a questão da inclusão,
ou seja, o acesso às tecnologias de informação das pessoas com necessidades
especiais. Aborda alguns recursos que possibilitam ou melhoram as
condições de acesso à educação das pessoas com deficiência e destaca a
necessidade de se diferenciar o entendimento que se tem sobre a utilização
de recursos tecnológicos como solução para os problemas de um aluno
com necessidades especiais e o uso destes recursos na aprendizagem.
No capítulo 7, Manuel Área destaca que já faz vinte anos que diferentes
governos ocidentais incorporaram às suas políticas educacionais a necessidade
de os computadores ingressarem nas escolas. O autor recorre
principalmente aos contextos dos Estados Unidos e da União Européia e faz
uma análise mais aprofundada do processo de incorporação das novas
tecnologias no sistema escolar nas Ilhas Canárias. Conclui que as políticas,
para “obterem sucesso”, deverão se concentrar mais na inovação da prática
educativa e deixar de dar tanto destaque a estatísticas, equipamentos e
infra-estrutura nas escolas.
No capítulo 8, David Istance nos apresenta as idéias de um programa
de pesquisa que começou no final do século XX, desenvolvido no Centro
de Pesquisa e Inovação Educativa (CERI) pertencente à Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Este programa, chamado
de A ESCOLA DO AMANHÃ, tem seis cenários que, segundo o
autor, têm o objetivo de ajudar a incrementar a consciência sobre as alternativas
a longo prazo para se transformar as escolas; isto poderá ajudar os
diferentes grupos envolvidos com educação. Os cenários são apresentados
e analisados em três perspectivas: a sociedade em que este cenário pode
tornar-se realidade; a profissão docente; e o uso das TIC. O programa está
entrando na terceira fase, que promete ser a mais ambiciosa, pois ampliará
seus focos para a aprendizagem e o ensino universitário.
Os textos reunidos neste livro confirmam que temos a nossa frente
um vasto campo de pesquisa, que diz respeito à utilização das Tecnologias
da Informação e Comunicação no processo ensino-aprendizagem. Esse
campo, necessariamente interdisciplinar, tem que considerar dois principais
componentes: a utilização cada vez maior das TIC em nossa sociedade
e o redimensionamento do papel da escola e do professor.

ARTIGO
FTD – Educação Temática digital, Campinas, v.3, n.1, p.21-27, dez.2001 21
MÍDIA, EDUCAÇÃO E CIDADANIA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A
IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA AUDIOVISUAL
NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Isabela Ruberti
Aldo Nascimento Pontes

“A comunicação - entendida em sua acepção mais
vasta, como utilização dos mass media, como comunicação
escrita, falada, cantada, recitada, visual,
auditiva e figurativa - está sem dúvida, na
base de todas as nossas relações intersubjetivas e
constitui o verdadeiro ponto de apoio de toda a
nossa atividade pensante”. (Gillo Dorfles)
Resumo: O presente artigo, a partir de três concepções sobre o papel da escola na sociedade:
funcionalista, reprodutivista e dialética, das exigências sociais da Sociedade da Informação e
dos temas que constantemente emergem das mídias de massa. Apresenta um olhar educacional
sobre a importância da alfabetização audiovisual crítica - na escola - para a formação do cidadão
globalizado.
1 Artigo elaborado a partir de estudos realizados na disciplina "Estudos em Educação e Tecnologias da Informação e Comunicação" do
Programa de Pós-graduação em Educação da UNICAMP, realizada no 2º semestre de 2001 sob a orientação do Prof. Dr. Sérgio Amaral.

Ao longo dos tempos, muitos foram os que
se empenharam em compreender o papel
da instituição Escola na sociedade. Aventurando-
nos em uma tentativa de síntese
dos resultados de algumas dessas investigações,
verificamos que, segundo pensadores
da educação como Durkhein, Bourdieu
e Gadotti, a Escola desempenhou basicamente
três papéis distintos. Inicialmente
fora concebida como redentora, responsável
por grandes transformações individuais
e sociais, nessa concepção "representou",
não mais que isso, a sal-vação da
classe dominada das garras exploradoras
da classe dominante; com o passar dos
anos, dessa condição, passou a ser vista
enquanto reprodutora das desi-gualdades
sociais e da aceitação delas como uma espécie
de predestinação; e por último, a
Escola de hoje, que ao ser com-cebida
como tão contraditória quanto o meio social
em que está inserida, é capaz tanto de
reproduzir quanto de transformar ao mesmo
tempo.2
Na perspectiva transformadora, a escola
que antes limitava-se a refletir/discutir temas
estritamente ligados às disciplinas do
currículo: matemática, português, geografia,
história... Vê-se agora obrigada a
abrir suas portas (salas de aula) para temas
cada vez mais ligados aos interesses da
comunidade, mais especificamente, de
crianças, adolescentes, jovens, e por que
não, adultos, alunos de nossas escolas.

“O ambiente escolar deixa de
ser o lugar privilegiado, sacralizado
de acesso à informação
e ao conhecimento e
passa a ser um espaço onde o
aprendente desenvolve a capacidade
de interrelacionar informações
construindo e reconstruindo
conhecimentos”.
(Bacegga, 1997).

Dentre os assuntos que mais instigam nossos educandos, aqueles massificados pelas mídias de massa, na maioria das vezes sensacionalismo puro com pouquíssimo interesse informacional/edu-cacional, acabam se tornando os despertam mais a curiosidade.
Um índice claro desse interesse é o fato das literaturas especialiazadas
apontarem para o fato de que para os brasileiros a tv é muito mais importante em seus lares do que a geladeira.
Lembramo-nos nesse momento do relato de uma professora de uma escola municipal da periferia de nossa cidade (Campinas- SP):
"As crianças perguntaram para mim: "Professora, vai ter guerra?"
Enquanto formulava uma resposta coerente e com uma linguagem acessível a eles, fui bombardeada por uma nova questão, dessa vez vinda de uma menina de 7 anos:
"Professora, o que vai acontecer com a gente se tiver guerra?" E continua, "ainda bem que minha mãe vai levar a gente embora para Minas".3 Diante dessas falas nos perguntamos: Como os professores com suas excessivas horas de trabalho: 20, 30... horas/aula estão trabalhando os assuntos emergentes das mídias de massa em suas salas de aula? E a escola, com seus tradicionais problemas do dia-a-dia, como se manifesta diante destas questões?
Temos enquanto alunos do Pro-grama de Pós-graduação em Educação na área
"Educação, Ciência e Tecnologia" da Unicamp nos ocupado em buscar respostas a
essas questões e o que temos verificado é que tanto a Escola como os Professores, em relação a esses temas, transitam entre a total omissão até a assídua/engajada discussão/
reflexão sobre esses. Por um lado, para olhos ingênuos, isso não parece tão nocivo aos nosso alunos, porém ao lançarmos um olhar mais crítico, logo compreendemos que esse fato evidencia a existência de dois tipos de escola, dois tipos de professores, dois tipos de alunos, dois tipos de educação e, consequentemente, a geração de dois tipos de cidadão:
um que, apesar das informações nem sempre confiáveis e até mesmo desencontradas veiculadas pelas mídias de massa, tem na escola um espaço de articulação das informações
que se apropria no cotidiano e acaba aprendendo a construir uma visão
mais ampla e coerente sobre os fatos, exercendo/incorporando sua pluralidade/
globalização enquanto cidadão. E outro que é aviltado, limitado apenas ao acesso,
e isso quando tem, às notícias-flash, como já nos referimos nesse texto, muitas vezes
tendenciosas, veiculadas pelas mídias de massa diariamente sem nenhuma articulação
entre elas, que somente se apropria de uma história que não tem começo nem
fim, apenas o meio sem nenhuma ligação, nenhuma cadeia lógica.
Segundo Bacegga (1997), aqui reside o grande desafio da educação desse novo
milênio, pois num momento em que as mídias de massa desempenham um papel
crucial na formação dos indivíduos, a alfabetização tecnológica audiovisual desses
para a sobrevivência na Sociedade da Informação torna-se indispensável.
“A tecnologia chegou para ficar. No campo da educação, o desafio maior é a busca da incorporação dessa tecnologia na dimensão sócio cultural, de talmodo que se equilibrem dois pólos tão distantes entre si: o cidadão do mundo e o homem degredado em seu meio, impossibilitado não de ver reconhecidos seus direitos, mas de saber que tem direitos. O cidadão da globalização, aquele que emerge do conhecimento pleno, e o homem aviltado, aquele que não come, não lê, não tem condições mínimas de usufruir os benefícios domundo”. (Bacegga, 1997)

Nesse sentido, e considerando os significativos avanços das tecnologias de informação e comunicação, à escola de nosso tempo compete o árduo trabalho de incorporar em suas práticas e teorias uma nova forma de ensino-aprendizagem, um processo voltado para a potencialização de competências para o uso de múltiplas linguagens que convergem, além disso, a destreza para se auto-gerenciar em situações de comunicação que constróem as novas redes telemáticas multimídia. Sobre essa necessidade, existem numerosos argumentos, altamente convincentes que evidenciam a necessidade de alfabetizar professores para a linguagem audiovisual.
Nas últimas décadas inúmeras publicações confirmam, de uma maneira rigorosa, a importância que as mensagens audiovisuais estão adquirindo na configuração da cultura e nos modelos de comportamento da sociedade atual. De fato, as imagens formam parte da escola e do mundo
quotidiano e desde muito cedo invadem o imaginário infantil. Desta forma, é preciso considerar que não se deve ignorar a urgência da alfabetização tecnológica audiovisual.

“O recebimento da imagem, sobretudo via comunicação de massa, pode levar à alienação
causada, por sua vez, pelo embotamento da sensibilidade e da apacidade reflexiva. A fragmentação dos discursos e sua roliferação conduzem à recepção crítica do texto, que se faz
objeto de consumo imediato. Ocorre, nesse sentido, uma forma de controle, pois o cidadão que se pensa livre, acha-se subordinado a uma rede de informações controladas por grupos. Mesmo que a imagem não seja virtualmente fabricada, seu uso indiscriminado é uma forma de manipulação de dados da realidade. (...) Na verdade ele pensa que controla, mas é controlado.
(Walty,2000)


A televisão é hoje em dia um membro da família e as imagens e informações que são transmitidas configuram e condicionam gradualmente as opiniões e os gostos de nossas crianças e adolescentes de uma maneira quase inconsciente. Isso justifica se considerarmos que segundo pesquisas realizadas, no Brasil as crianças permanecem em média 4,12 horas diárias diante da televisão, os jovens 3,01 horas, os adultis 3,27 horas (Grupo Mídia, 1991). Diante desses dados, a pergunta que devemos fazer à escolas e aos professores é se seus alunos estão preparados para enteder essa gama de imagens recebidas diariamente, definido "entender" como a capacidade para interpretar tudo, inclusive as ideologias que ficam subjacentes, atrás de cada imagem.

(...) a família, a escola e as igrejas se burocratizam, em consonância com as determinações da economia e da política vigentes na sociedade local, regional, nacional e mundial. O que significa dizer que há uma tendência generalizada à acomodação, transferindo-se para um poder externo e invisível as decisões que determinarão a vida das pessoas e grupos humanos. Diante da sonolência das maiorias burocraticamente comportadas, o sistema de meios de informação ganha terreno livre para apresentrar-se em momentos de conflitos ou angústias coletivas como o verdadeiro e natural representante dos desejos da população, deslegitimando os esforços articulados de pessoas e organizações preocupadas com interesses coletivos. (Soares, 1996)
Atentos a esta situação e tentando uma resposta para a pergunta acima, é curioso verificarmos que a escola, com seus professores, nem sempre incorpora no seu ambiente educativo o estudo das linguagens audiovisuais de uma maneira mais sistematizada e crítica como acontece com as outras matérias. Poucas são as experiências na escola que utilizam os meios de comunicação não apenas como um mero suporte de transmissão e, quando isso acontece, são iniciativas isoladas tomadas por inquietos professores sensibilizados e interessados pela dinâmcia dos meios. O desafio aqui apontado aos educadores é o de como poderemos desenvolver com os alunos, em futuro imediato, uma leitura crítica que possa ser aplicada a linguagem audiovisual.

" O tipo de trabalho convencional do professor está mudando em decorrência das transformações do mundo do trabalho, na tecnologia, nos meios de comunicação e informaçõa, nos paradigmas do conhecimento, nas formas de exercício da cidadania, nos objetivos de formação feral que hoje incluem com mais força a sensibilidade, a criatividade, a solidariedade social, a qualidade de vida, o reconhecimento da diversidade cultural e das diferenças, a preservação do meio ambiente. "
(Libâneio,1998)

Apesar dos muitos encontros e desencontros quando o assunto é a influência dos meios de comunicação nos principais setores da sociedade, em especial na educação. Para nós é certo que os meios tiveram e têm um papel relevante na construção de novas culturas educacionais. Sobre isso Lévy (2001) nos alerta:

Devemos aprender a ter confiança em nós mesmos: somos perfeitamente capazes de avançar rumo a uma sociedade de aprendizagem e de criação permanete, uma cultura na qual cada uma estará continuamente atento ao aperfeiçoamento da cooperação e do serviço mútuo.
Dessa maneira pensamos que uma alfabetização tecnológica audiovisual abriria para a escola um outro caminho para exploração de novas temáticas, possibilitando o acesso a outos modelos de conhecimento e adquirindo novas dinâmicas que poderiam estreitar o seu encontro a uma sociedade atual.
Partindo dos pressupostos acima fica evidente que diante dessa nova configuração do processo de ensino-aprendizagem e do grande desafio imposto, a formação do cidadão para a sobrevivência na sociedade da informação depende diretamente da qualidade da formação de professores. Nessa perspectiva, para atender a esse novo enfoque, é necessária uma maior atenção tanto com a formação inicial dos novos educadores, quanto com a formação continuada daqueles que já estão no exercício da profissão. Pois:

Embora tenha havido uma verdadeira revolução nesse campo nos últimos vinte anos, a formaçlão ainda deixa muito a desejar. Existe uma certa incapacidade para colocar delos inovadores. As instituições ficam fechadas em si mesmas, ora por um academicismo excessivo ora por um empirismo tradicional. (Nóvoa,2001)
Sob essa ótica, para o desenvolvimento dessa outra alfabetização: tecnológica audiovisual, o investimento da escola na formação continuada em serviço de seus professores poderia dinamizar a criação de projetos que os ajudassem a descobrir as múltiplas possibilidades que a linguagem audiovisual pode oferecer para cada ciclo educativo, o que seria o caminho mais acertado para educar os alunos para o mundo das mensagens midiáticas, familiarizando-os assim com as diferentes técnicas audiovisuais. Enfim, as crianças de cada ciclo. poderiam aprender a consumir essas mensagens e o mais importante ser capazes de criar suas próprias mensagens. Por isso, seria imprescindível que o ambiente escolar, especialmente o ambiente da classe, proporcionasse uma grande variedade de materiais e de instrumentos para que as capacidades expressivas dos alunos pudessem ser despertadas, estimuladas, provocadas.
Por outro lado, a introdução de artefatos tecnológicos na sala de aula, sem uma concepção crítica / construtiva dos docentes, também não mudaria em nada a situação da passividade atual. O importante é desenvolver nos alunos competências que lhes possibilitem dosconstituir as mensagens advindas dos diversos meios e a construir as mensagens que entendem o processo de produção de textos audiovisuais nas suas várias perspectivas: social, econômica, política, cultural ou estética. O aluno não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar, prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta e, assim, torna-se co-autor, já que o professor configura o conhecimento em estados potenciais. (Silva, 2000)
Em última análise, faz-se importante considerar que a dinamização de práticas que viabilizem a alfabetização tecnológica audiovisual na escola, além de um desafio, é também uma utopia. Pois que se de um lado, a sociedade da informação ora instaurada no mundo globalizado, exige um cidadão competente na aticulação de informações, de outro lado, o próprio modelo de acumulação de nossa sociedade perpetua antifas formas de exclusão social: Cidadãos globalizados X Cidadãos avilitados. De acordo com Castells (1999): Na era da informação, a educação é elemento de informação, a educação é elemento de progresso e de exclusão social. Assim, diante da crescente força das mídias de massa e sua importância cultural, social, econômica e tecnológicas em nossas sociedades a escola precisa abrir caminhos para a essa outra alfabetização (tecnológica audiovisual). Resistir a essa nova competência comunicatica só irá deixar a escola e seus alunos ainda mais hipnotizados e seduzidos pela alienação iconosférica. A escola, ao rejeitar os meios, está reconhecendo a sua incapacidade entender o homem de hoje (...) (Moran, 1993). É preciso evitar essa alienação, promovendo uma urgente e sensata aproximação entre os meios ambientes educativos.